segunda-feira, 26 de novembro de 2012

PEDRA DE TROPEÇO NO FACEBOOK?




Dando aquela zoiada geral no facebook, percebi que tem voo doo chegando ao mundo virtual. Sério! Tudo nesse mundo de hoje em dia parece também estar achando  nicho para fertilizar seus ovos em endereços eletrônicos, leia-se, nas redes sociais. Coisas boas, coisas ótimas, gente boa, gente ótima e , infelizmente, o oposto também.  Mas, pensando bem, desde que o mundo é mundo, para conhecer a redenção, temos que conhecer o pecado, para correr do mal temos que saber identifica-lo, não é mesmo?  Estas seriam as chamadas "pedras de tropeço" ou os "vasos de desonra" (este último, citado na Bíblia!). 
Hoje a trato como voo doo, pois parece mesmo uma daquelas bonequinhas infernais usadas para magia negra e afins. Mas um  dia, como todos nós, esta pessoa nasceu pessoa.  Esta pessoa que vou usar como exemplo (que pode ser uma, duas, várias, você escolhe e dê nome a ela, pois tenho certeza que o personagem que uso aqui, ja foi visto e identificado em inúmeras situações na vida de cada um), já chamou mamãe de mamãe e papai de papai.  Mas cresceu, de alguma maneira fez um pacto com a nocividade que lhe foi mais interessantemente oferecida pela vida e se tornou uma pedra de tropeço.  Se tornou aquela pessoa que num grupo, só traz discórdia, na família só traz separações e nas amizades, só trama enredos de dor e destruição.  
O vaso de desonra ou pedra de tropeço ( ou voo doo ) a que me refiro, não dorme no ponto. Espreita cada palavra que usamos no face book, cada comentário , cada alegria compartilhada e pensa de que maneira pode se fazer presente, com um comentário adicional destilando seu veneninho.  São ladrões de alegria, ladrões de paz.  Ela serve ao propósito a que veio ao mundo, ou seja, causar tropeços.  Por um momento, a odiamos, e desejamos que nunca tivesse colocado os pés nesta terra já tão maltratada por enganos e desenganos. No entanto, com  a chegada da maturidade, percebemos que o voodozinho ou pedra de tropeço, só serviu para que ganhássemos mais fôlego para seguir adiante. Dificilmente alguém tropeça e anda para trás, já repararam? Tropeçamos já caindo na direção a nossa frente. Quem tem a bondade e a vontade de somar no coração, sofre um tropeço, machuca um dedão, mas não perde a caminhada. E sabe o que é melhor? A pedra sorri no momento que  consegue seu intento, mas chora porque sabe que com sua maldade, só conseguiu mesmo é lhe adjudar, mesmo que involuntariamente.
O castigo do vaso de desonra é ver o vaso de honra sempre florido.  O castigo da pedra de tropeço é continuar na estrada e ver sua vítima sumir na distância , rumo a linha de chegada.  O castigo do voo doo é viver entre alfinetadas enquanto suas vítimas, costuram lindas e honradas alianças, amizades e  trajetórias.   Ser uma pedra de tropeço, um vaso de desonra ou um voo doo deve ser horrível.  Só de olhar a cara dela a gente percebe.  É pálida, tem cor de quem ja morreu. É triste, falta lhe sonhos concretizados. Falta-lhe fôlego para continuar a maldade, pois a velhice chegou.  Pobre pedra... não foi usada sequer para construir o pavimento do caminho em que foi jogada. 

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

UM ENCONTRO COM OLACYR DE MORAES

O convite era para ser mais uma das agradáveis noites na belíssima residência de Keith e Carlos Nahim, aqui em São Paulo. Há muitos anos venho frequentando esta casa e tendo a minha também como ambiente para encontros festivos e fraternais.  Mas, confesso, não esperava que uma personalidade tão conhecida como o empresário Olacyr de Moraes, já avançado em idade, estivesse presente e com uma carga tão forte para mudar todo o ambiente.  Como sempre digo, a vida é feita de encontros e desencontros.  Não posso dizer que virei amigo de infância nem amigo futuro. Mas posso dizer que daquela noite em diante, me encontrei com eu mesmo e com tantos meninos que na minha infância, tiveram aquele olhar que nos dispensou Olacyr, à mesa de jantar.  Vamos ver se consigo traduzir para voces, o que foi este encontro.
Quando nossa bela anfitriã nos convidou a seguirmos para o salão de jantar, descemos pela bela escada de mármore branco rindo e tirando fotos, felizes por sermos todos amigos há tantos anos, para se dar ao luxo de fazer caras e bocas, caretas e brincadeiras infantis com este novo e maravilhoso instrumento chamado fotografia digital. Nossa eterna criança, ja se mostrava presente.  A glamurosa Scheila Santos discorria sobre as maravilhas do Instagram e eu me sentindo horrível por ainda estar na época do Blackberry. Douglas Maluf estreando nesta turma, nesta casa. Camile e Aramis Maia,  sempre gentis, lembrando histórias engraçadas de Olacyr, Michele nos falando sobre a incursão de Olacyr no mundo virtual, Carlos e Keith nos deixando a vontade para escolher os lugares à mesa.  O grande empresário, já considerado o "Rei da Soja" e conhecidamente multi-milionário, se limitava a sorrir, mas sem muitas palavras. Não estava exatamente calado, mas simplesmente, ali, talvez se divertindo com a barulhada que fazíamos por qualquer assunto.  Aliás, não necessariamente "qualquer assunto"! Um deles era sobre as divertidas frases que são colocadas no facebook, atribuídas à Olacyr, geralmente renegando as mulheres ao papel de simples objetos sexuais.  Olacyr sorriu e esclareceu que é tudo mito e que jamais sairia de sua boca, coisas daquele nível. Mesmo assim, levou na brincadeira e admitiu que uma hora deverá mesmo escrever ou autorizar um livro com suas verdadeiras histórias.  Nesta hora, Sheila o pediu que lembrasse de algumas para nos contar, e ele aceitou o desafio voltando ao tempo e contando uma história que comoveu a todos e principalmente ele, que nesta volta ao tempo, encheu os olhos d'água e teve que fazer uma pausa na narrativa.  Vimos todos um menino, em seu olhar. Um menino que chegou em casa  presenciou uma das mais tristes ocorrências que uma mãe, um pai e um irmãozinho podem vivenciar. A morte de um infante nos braços da mãe.  Neste momento, não havia idade, não havia dinheiro, não havia posição. Olacyr nos revelou uma criança linda, que amava sua familia, que sofria pelos seus, que nunca esqueceu o bem maior que pode ser tirado de alguém. Uma história longe dos cifrões que atormentam tantos ha tanto tempo. Nos sentimos próximos dele. Nos sentimos crianças como ele, nos sentimos filhos e irmãos.  Fiquei impressionado com a reciclagem que fiz de mim mesmo ali. Já sabia que gente interessante não tem idade. Mas ali, vi que posso seguir envelhecendo, que o menino que fui um dia, não me abandona jamais.  Não por coincidência, dias atrás, tinha visto uma palestra com Douglas Maluf sobre  a criança que fomos um dia (  "a criança que voce foi um dia, teria orgulho do adulto que você é hoje?").  Para terminar, quando perguntado se ja havia nascido rico  e como havia crescido tanto como empresário, O velho menino nos disse " Nasci com tudo que precisava, uma cabeça, duas mãos e vontade de dar certo!".  Como disse no começo, a vida é feita de encontros e desencontros. Este, sem dúvida, foi um encontro de homens e de meninos.