sexta-feira, 16 de novembro de 2012

UM ENCONTRO COM OLACYR DE MORAES

O convite era para ser mais uma das agradáveis noites na belíssima residência de Keith e Carlos Nahim, aqui em São Paulo. Há muitos anos venho frequentando esta casa e tendo a minha também como ambiente para encontros festivos e fraternais.  Mas, confesso, não esperava que uma personalidade tão conhecida como o empresário Olacyr de Moraes, já avançado em idade, estivesse presente e com uma carga tão forte para mudar todo o ambiente.  Como sempre digo, a vida é feita de encontros e desencontros.  Não posso dizer que virei amigo de infância nem amigo futuro. Mas posso dizer que daquela noite em diante, me encontrei com eu mesmo e com tantos meninos que na minha infância, tiveram aquele olhar que nos dispensou Olacyr, à mesa de jantar.  Vamos ver se consigo traduzir para voces, o que foi este encontro.
Quando nossa bela anfitriã nos convidou a seguirmos para o salão de jantar, descemos pela bela escada de mármore branco rindo e tirando fotos, felizes por sermos todos amigos há tantos anos, para se dar ao luxo de fazer caras e bocas, caretas e brincadeiras infantis com este novo e maravilhoso instrumento chamado fotografia digital. Nossa eterna criança, ja se mostrava presente.  A glamurosa Scheila Santos discorria sobre as maravilhas do Instagram e eu me sentindo horrível por ainda estar na época do Blackberry. Douglas Maluf estreando nesta turma, nesta casa. Camile e Aramis Maia,  sempre gentis, lembrando histórias engraçadas de Olacyr, Michele nos falando sobre a incursão de Olacyr no mundo virtual, Carlos e Keith nos deixando a vontade para escolher os lugares à mesa.  O grande empresário, já considerado o "Rei da Soja" e conhecidamente multi-milionário, se limitava a sorrir, mas sem muitas palavras. Não estava exatamente calado, mas simplesmente, ali, talvez se divertindo com a barulhada que fazíamos por qualquer assunto.  Aliás, não necessariamente "qualquer assunto"! Um deles era sobre as divertidas frases que são colocadas no facebook, atribuídas à Olacyr, geralmente renegando as mulheres ao papel de simples objetos sexuais.  Olacyr sorriu e esclareceu que é tudo mito e que jamais sairia de sua boca, coisas daquele nível. Mesmo assim, levou na brincadeira e admitiu que uma hora deverá mesmo escrever ou autorizar um livro com suas verdadeiras histórias.  Nesta hora, Sheila o pediu que lembrasse de algumas para nos contar, e ele aceitou o desafio voltando ao tempo e contando uma história que comoveu a todos e principalmente ele, que nesta volta ao tempo, encheu os olhos d'água e teve que fazer uma pausa na narrativa.  Vimos todos um menino, em seu olhar. Um menino que chegou em casa  presenciou uma das mais tristes ocorrências que uma mãe, um pai e um irmãozinho podem vivenciar. A morte de um infante nos braços da mãe.  Neste momento, não havia idade, não havia dinheiro, não havia posição. Olacyr nos revelou uma criança linda, que amava sua familia, que sofria pelos seus, que nunca esqueceu o bem maior que pode ser tirado de alguém. Uma história longe dos cifrões que atormentam tantos ha tanto tempo. Nos sentimos próximos dele. Nos sentimos crianças como ele, nos sentimos filhos e irmãos.  Fiquei impressionado com a reciclagem que fiz de mim mesmo ali. Já sabia que gente interessante não tem idade. Mas ali, vi que posso seguir envelhecendo, que o menino que fui um dia, não me abandona jamais.  Não por coincidência, dias atrás, tinha visto uma palestra com Douglas Maluf sobre  a criança que fomos um dia (  "a criança que voce foi um dia, teria orgulho do adulto que você é hoje?").  Para terminar, quando perguntado se ja havia nascido rico  e como havia crescido tanto como empresário, O velho menino nos disse " Nasci com tudo que precisava, uma cabeça, duas mãos e vontade de dar certo!".  Como disse no começo, a vida é feita de encontros e desencontros. Este, sem dúvida, foi um encontro de homens e de meninos.

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