terça-feira, 9 de outubro de 2012

VOU FALAR DAS COISAS QUE LEMBRO...

Uma pessoa é formada pelo que vem no seu DNA, pelos dons que Deus as dá, pelos ensinamentos ou falta deles, que a vida e a família o reserva e pelas referências que tem, sobretudo, na infância.  Como tive a honra de nascer em 64, antes desta parafernalha toda de Ipads, Iphones, I não-sei-o-quê , o mundo era muito mais divertido e as informações eram buscadas, não vinham até a gente. Era a aventura de descobrir personagens novos, lugares inexplorados que nos movia a imaginação.  O post de hoje, é um ode ao saudosismo sim, aos bons e velhos tempos que não voltam mais, mas que deixaram lindas e deliciosas marcas, como pretendo de agora em diante, compartilhar com vocês, nesta postagem: Ao túnel do tempo, amigos!


A ingenuidade era normal, e não uma aberração. Não líamos revistas que falavam de gangs de rua se matando ou engendrando guerras pelo tráfico de droga. Víamos o mundo, como pequenos que éramos, pelas travessuras da Luluzinha e do Bolinha, como mostra a foto acima.  Eram personagens que divertiam, e não existiam para colocar na cabeça da criança, a idéia de comprar isso ou aquilo, como vemos hoje. 



Quando a velha telefunken la de casa era ligada, primeiro se ouvia o estalo do botão ao dar inicio as operações, depois era esperar um tempinho para as válvulas aquecerem e pronto. Mamãe nos dava banho, penteava nossos cabelos ( o meu de lado, o da minha irmã, bem escovado até os ombros) e podíamos sentar no sofá da sala para ver  "Túnel do tempo", ou "Nacional Kid" ou a minha série favorita: "Viagem ao fundo do mar" . Se você é desta época, aposto que lembra bem do barulhinho do submarino...












A gente imaginava o futuro como na casa dos Jetsons, com tudo voando até nossas mãos, robôs para nos comunicar as mínimas vontades... Olha, não imaginamos assim tão fora da realidade de hoje, não é?
Enquanto comíamos Cremogema, ou éramos torturados pelas nossas zelosas mães à tomar Emulsão de Scott ou Calcigenol, nos divertíamos também ouvindo as músicas de gente grande na vitrolinha sonata, vermelha, que tinha a tampa como caixa de som... E, nela nossos primos e primas maiores, dançavam ao som destes ícones que verão abaixo:

Abba

the carpenters

A voz melodiosa de Karen Carpenter cantando Mr. Postman era um hit inigualável! Ficamos horrorizados quando soubemso de sua morte, por anorexia nervosa. Acho que foi a primeira vez que ouvimos falar de tal coisa, alguém que morria por querer ser magra. Mal sabíamos o que o futuro nos reservava a este respeito, hein? De princesas à adolescentes se torturando para ficar sílfides nas décadas seguintes...


Nada era mais divertido do que ver AS FRENÉTICAS cantando nas tarde de "Globo de ouro" ou ouvi-las na trlha sonora de DANCING DAYS, que deu o boom das discotecas no Brasil.  Ninguém mais segurou o pezinho depois de "abras suas asas, solte suas feras..." Isso sem contar nos modelitos à La Julia Mattos, que era a personagem de Sônia Braga  na novela: Meias de lurex, cabelo frisado e  viva tudo que é alegria!!!


A rede Globo de televisão fez o grande favor (de coração, sem ironias!) de criar uma programação vespertina chamada SESSÃO DA TARDE. Para nossa alegria e cultura , os filmes que passavam eram os clássicos de Hollywood, sobretudo das décadas de 50 e 60. Assim, ficamos íntimos de Marilyn Monroe, de Cary Grant, Bing Crosby, Elvis Presley e por aí vai... Que delícia!


Sansão e Dalila, com Victor Mature e Heddy Lamar...


Os Dez Mandamentos... ninguém nunca mais encarnou um Moisés tão bem quanto ele, Charlston Henton!

A Família Walton era o "must see" nos fins de tarde. Era o exemplo a ser seguido. Pais dedicados, filhos rebeldes sendo  educados e valorizando as lições aprendidas. No final de cada episódio, o bordão era  "Boa noite John Boy! Boa noite, Mary Allen!"
Adorávamos as trapalhadas de Jerry Lewis e Dean Martin. Quem não se lembra do enfermeiro amalucado que deixava a  porta da ambulância aberta e o doente cair , amarrado a uma maca, ladeira abaixo? 


Antes da revista CARAS, as que mandavam mesmo, no mundo das celebridades, eram Manchete e Fatos & Fotos. Na foto acima vemos a linda Sandra Bréa, seguramente a primeira mulher que o Brasil ouviu falar, que lutava contra a então quase desconhecida  e avassaladora Aids. Sandra foi uma atriz completa: bailarina,  dona de um sorriso largo e cheio de irreverência. Deixou saudades.

Esta zebrinha, acreditem ou não, era sinônimo de Loreria Esportiva! Deu zebra!!!!


E claro, as tvs bombavam com progamações diversas e que faziam escola. Silvio Santos vem aí, la , la , la,  la la la... Isso sem contar na Buzina da Chacrinha, que tinha aquela incrível mania de atirar bacalhau nas pessoas da platéia. Gretchen dançava seu conga conga conga para o velho guerreiro e nós ficávamos extasiados com a ousadia dela.  Os pais adoravam que adorássemos o "Sitio do Picapau Amarelo", afinal, era algo educativo, extremamente bem feito e as crianças vibravam com as aventuras daquela turma , saída da mente do até hoje mal lembrado pelos brasileiros, Monteiro Lobato. 


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O Elo perdido, Perdidos no Espaço, Terra de Gigantes, tudo isso nos enchia a mente de sonhos de aventuras mil. E tinha, é claro , o cinema de sábado, com nossos pais. Os filmes eram sempre de aventura , como "A ilha no topo do mundo" ou "Se meu fusca falasse".  Passamos a dar um valor imenso aos fusquinhas que enchiam as ruas do Brasil, depois que vimos o delicioso Herbie nas telas.


Mas sem dúvidas, a tv ainda era a maior amiga de uma criança e adolescente naqueles dias em que só restava ela, depois de brincadeiras na rua, manhãs na escola e tempo livre após os benditos "deveres de casa" que a tia da escola passava pra nos atormentar  em nosso tempo longe dela.  Assim, nos divertimos com "O homem do fundo do mar", "O incrível Hulk", "Zorro"...

casal vinte...
quem nao amou flipper?
olha o avião!!!!
ôooooooooo.... o grito do tarzan!

Perdidos no Espaço...

E assim, de repente, apareceu uma mocinha linda, angelical, que sofria horrores na tv por ser descendentes de negros. A Escrava Isaura.  Quem não se lembra do berro colérico de Leôncio gritando a escrava, ou da querida quituteira que a protegia, a malvada escrava Rosas e a redenção final nos braços de Álvaro? Aquela novela parou o Brasil. Foi reprisada várias vezes e até hoje é vista nos mais distantes cantos do planeta. Outro dia, num restaurante aqui em São Paulo , tive que me segurar para não ira até a mesa de Lucélia Santos, dar lhe um forte abraço - de agradecimento!


Lê, lê, lê, lê...

E claro, tinha as figuras emblemáticas da época. Quando meu pai parava para abastecer no posto da Shell, tinha duas razões bem claras: Uma delas, óbvio, era encher o tanque de gasolina e outra, era ganhar de brinde um elefantinho da Shell, que adorávamos. Melhor que isso era colecionar tampinhas de refrigerantes que vinham com personagens da Disney na parte de dentro.  Album de figurinhas também era um costume daqueles dias em que , quem tinha uma figura dificil de achar, era o verdadeiro rico do pedaço. Até embalagens de cigarro a gente colecionava. 

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Mulher maravilha... Linda Carter!


As panteras!

Então ficamos grandinhos. Começamos a querer ir n os lugares onde os mais velham iam.  Para nós, o recomendado eram as matinês. Assim, fomos na Papagaio disco clube e nos maravilhamos com o globo cravejado de espelhos que rodava no teto. Discotecas, Uau! Nas caixas de som, Os embalos de sábado à noite, claro.


Ouvíamos também a mágica Rita Lee com suas composições fantásticas incendiar os palcos.  "Lança Perfume", "Baila Comigo", era tudo tão romântico e deliciosamente pecador, que Rita virou o ícone que é até hoje.  Naqueles dias nossos pais diziam que ela  era uma ex Mutante. Hoje, que sabemos o significado da palavra, ou seja, do grupo que ela pertenceu, faz mas sentido. Na época achávamos mesmo que ela era uma verdadeira e irrecuperável mutante que mudava tudo, todos e a si própria!  Até hoje faz bem quando o rádio solta no ar uma das pérolas desta compositora e cantora tão especial.




Ney Matogrosso também nos parecia um mutante. Logo que surgiu rebolando e cantando num tom que homem algum havia feito, parecia que o fim do mundo tinha acabado, para nós, moralistas e criados para vivermos dentro da forma.  Mas, o mundo estava só começando, para ele e para nós. Quando começou carreira solo e lascou o hit "homem com H" debochando deliberadamente sobre questões como sexo e sua relevância, fincou seu cetro e marcou o terreno que pisava. Salve os bons e eternos talentos!

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